2.12.12

hectic times (ou "tese, antítese, síntese")

eu acho que nesses processos corridos e aflitos, para mim, existem duas fases essenciais. a primeira é a do desespero absoluto: não há tempo pra pensar, respirar, existir. só fazer. mas sem respirar, o desespero faz desse fazer muito estabanado, e ainda que as coisas funcionem, no final fica uma bela de uma dor de cabeça. é um pedaço ainda mais sofrido do processo todo. entre essa fase e a próxima fase essencial, existe um (nem sempre tão) breve período de negação. de tantas coisas que preciso fazer e pensar, não aguento fazer nem pensar nada. uso meu tempo para dormir, assistir alguma coisa, tomar uma cerveja. faço menos de metade do que me havia proposto fazer. penso em abandonar todo o processo, quase me convenço de que dá pra continuar em negação pra sempre. a segunda fase essencial é quando o desespero dá espaço para uma serenidade, que permite, sim, pensar e respirar. não é uma calma, porque a pressa e o desespero ainda estão lá. a vontade de resolver tudo e de aproveitar cada minuto ainda está lá. o que muda é que consigo ser mais racional, pensar o que realmente preciso fazer, o que realmente seria melhor naquele momento, como realmente posso resolver aquela situação. tanto a primeira quanto a segunda fase são muito ativas, apressadas, ocupadas. muito cansativas. e claro que, como todo mundo, tendo a reclamar da falta de tempo, da correria, do cansaço. mas a verdade é que eu gosto. a primeira fase é um pouco desgastante demais, mas é necessária para chegar na segunda (depois do período de negação). e a segunda fase é muito motivadora. é muito frutífera e muito saudável, e me faz sentir mais viva, produtiva, capaz.

então quase não pude acreditar quando, no meio de todos esses processos, me apareceu essa: mar calmo nunca fez bom marinheiro.

eu reclamo, mas é isso que me motiva.

28.11.12

eu reclamo, mas é isso que me move.

7.5.12

sobre quando os relacionamentos ficam intensos

não me entendam mal: não é que eu nunca tenha tido um relacionamento intenso antes. não é que todos os sentimentos fortes que senti até aqui não tenham sido genuínos - é tudo verdade. o que nunca tinha me acontecido era estar num relacionamento intenso - e duradouro - com uma dinâmica forte. porque morar com alguém é bastante coisa. é ver a pessoa todos os dias, se acostumar com cada detalhe dela, e não ter muito tempo pra ficar sozinha em casa. isso tudo entre tantas outras coisas. e isso é, sim, muito intenso. então se em um relacionamento de dois anos você passa mais de um e meio sem passar mais de três dias longe da pessoa, a distância vira uma coisa estranha. e olha, eu sempre fui pegajosa, mas sempre cansava e me irritava e queria ficar sozinha para ter o meu espaço. e essa é a primeira vez em que eu soube construir o meu espaço dentro do relacionamento. então três dias de distância já estava mais do que suficiente, e dava até tempo de bater uma saudade. e os três dias encurtaram para dois, e pra um, até que, morando com outra pessoa, mais de 24 horas de distância vira algo bem esquisito. por isso que, se eu te falar fora de contexto "minha namorada foi viajar e eu não vou vê-la por uma semana", meu sofrimento vai parecer ridículo. e talvez até explicando tudo isso ele mesmo assim pareça ridículo e patológico e "nossa, você devia ser mais independente". e eu até penso nessas coisas e me questiono de vez em quando, mas aí vejo que independência pra mim é outra coisa. independência, eu acho, é não se perder no outro, é existir por si e se completar. é ter seu espaço sempre. ser independente, pra mim, não é achar fácil estar sem o outro. porque a intensidade traz dessas coisas mesmo, e eu acho que tudo bem. e se na próxima semana estarei dolorida e chorosa, eu só posso agradecer por ainda estar (de novo), depois de dois anos, perdidamente apaixonada.

4.1.12

sobre ir-voltar

achei que ia doer mais. não foi tão difícil quanto era esperado, e isso me é contente e estranho. pra mim estava sendo um big deal. só de pensar nisso, me contorcia, o estômago apertava, a garganta fechava, eu chorava. não sei se de medo, saudade, ou alegria. eu estava aterrorizada. com que? não sei. eu achava que ao sair do avião alguma coisa enorme ia acontecer dentro de mim, algum trimilique, alguma reação estranha. que ao andar por aquelas ruas, tudo ia doer um pouco e os recuerdos iam me devorar pouco a pouco a cada dia que eu estivesse lá. a idéia de passar na frente das minhas casas- meu deus! porque se de lembrar de coisas mínimas eu entrava num choro e num desconsolo e num frio na barriga, ao ver essas coisas quem sabe o que poderia me acontecer? mas não. nada disso aconteceu. não foi um big deal, ou pelo menos não no sentido que eu imaginava. andei pelas ruas e não senti aflição nenhuma. não senti medo, não fui tomada por memórias arrebatadoras, não entrei em transes. passei pelos mesmos bairros, pelos mesmos caminhos, comi as mesmas comidas (não todas, porque algumas já não existiam- e eu nem me desesperei com isso!), falei a mesma língua, usei a mesma moeda, vi as mesmas paisagens, e respirei os mesmos ares. e não me doeu. não me doeu nem me arrebatou nem nada de maluco e intenso desse tipo. passei na frente das minhas casas e - sim - foi estranho, e eu não consegui processar muito bem esse contato, mas não foi difícil nem doloroso. ir-voltar foi gostoso, agradável, diferente, e tranquilo. foi leve e bonito. e isso, sim, é imenso e tremendamente importante.