31.3.08

stalkers#1

me passou já faz mais de uma semana, na hora pensei "tenho que contar isso pralguém HOJE", e logo depois me esqueci, e acabei nao contando pra ninguém nunca. eu tava andando da minha casa até o metro, tal qual faco todos os dias, para ir pra faculdade. é um caminho de mais ou menos oito quadras, percurso plano, e praticamente linha reta. já está automatizado, e eu faco esse mesmo caminho dia-após-dia quase sem prestar atencao, com o mp3 ligado pra me isolar do barulho do mundo. enfim, lá estava eu, quando um cara se aproxima e eu noto que ele etá falando comigo. me assustei, claro: nao tinha ouvido ele chegar, e nao tava entendendo nada do que tava acontecendo (leva um tempo até tirar o fone de ouvido, ouvir o que a pessoa está falando e procesar tudo no cérebro). ele comecou falando que tinha estacionado o carro dele lá atrás, e blablablá, e eu REALMENTE nao tava entendendo, e fiquei olhando pra ele com cara de "q", sem parar de andar. e ele foi andando do meu lado e também nao parava de falar, e aí eu fui entendendo qualera a do cara: ele tava me dizendo que tinha me visto há um montao de quadras atrás, e que, ao me ver, tinha se encantado, estacionado o carro e descido pra ir atrás de mim. agora, o que se responde pra esse tipo de coisa? "gracias"? "seu louco nens quero sai pra lá"? porque é o tipo de situacao que se a pessoa é bonita, interessante, ou no mínimo inspira alguma confianca, pode ser superbacana e te fazer pensar "uau, que incrível, ele supergamou em mim e me seguiu!", mas nesse caso eu quase falei pra ele "ei, isso era pra ter me agradado? porque eu to com meeeedo de voce, seu freeeeak!". mas nao falei, claro, porque eu tenho bom senso. e nao que eu estivesse de fato com medo, a situacao era nada ameacadora, ele era um cara jovem e simpático, e o lugar era ultramovimentado, entao eu só dei uma cortada, recusei o convite dele para um café futuro, e segui meu caminho (me certificando com alguma frequencia de que nao continuava sendo seguida, lógico). e aí esse caso me fez lembrar de um outro, que nao foi de stalkeragem mas tem pontos em comum. eu estava numa balada, também aqui em wenos, e um menino parou na minha frente, olhou na minha cara, sorriu, disse que tinha se apaixonado por mim e FOI EMBORA. isso sim foi incrível. porque nao é que o cara era um mala que jogou esse xaveco pra me pegar e depois ficou lá me atormentando. nao, ele só me disse aquilo e saiu, foi encontrar com os amigos, como se nada fosse, como se só tivesse me dado uma informacao mesmo. mas aí vai, tres pontos pra quem adivinhar: o menino era bonito/interessante? NAO, claro que nao. feinho, normal e malvestido, exatamente como o cara que em seguiu na rua, para minha dupla desgraca. aí eu fico me perguntando: porque as pessoas bonitas e interessantes nao fazem esse tipo de coisa? porque né, eu to na capital mundial do homem bonito, vejo uma série deles por dia, e com esses, que em geral além de bonitos sao interessantes e bem vestidos, nada, só uns olhares rápidos no metro ou na rua, e nunca-mais. e nao é a primeira vez que me acontece esse tipo de coisa, eu tenho alguma coisa estranha que atrai os malucos por aí, e to comecando a colecionar esse tipo de história, mas NENHUMA delas tem um protagonista digno. sério, alguém MEDIZ qualé a dos stalkers serem feios, porque eu supermeamarro num stalker, rola uma total identificacao, tal, mas né. mundo injusto.

29.3.08

sobre a primeira visita que eu recebi nessa minha vidinha de universitária-de-república

recebi visitas hoje. avós paternos e mais duas senhoras que eu nunca saberia dizer que grau de parentesco levam a meu respeito, mas há de existir algum, longiquo. uma delas vinda de sao paulo (os tres vieram a passeio), e a outra que mora aqui mesmo. foi bastante curioso. primeiro porque me trouxeram uma malinha com várias coisas que eu tinha pedido de sao paulo nos ultimos tempos, que estavam me fazendo falta- requeijao, toddy, bepantol, e por aí vai, além de uns presentes da família. ganhei ovo de pásco da kopenhagen, meu preferido, muito essencial pra manter a tradicao e me fazer sentir um pouco menos sozinha (ganhei de alguém que nao sou eu, oh!). e toalhas bordadas com meu nome, gentilmente adaptado para "polý", o que me surpreendeu bastante vindo de uma tia-avó que nem é minha tia avó, mas esse foi o termo mais próximo que eu encontrei pra definir o grau de parentesco nesse caso, que nao é tao longinquo mas ainda assim é distante. e eu estava mesmo precisando de toalhas, genial. ainda nao vi tudo, entao na verdade nao sei direito o que mais contem a malinha, mas é legal receber um pacote assim vindo de outro país, e com coisas tao desconexas. enfim. as duas senhoras que vieram eram verdadeiras personagens, extremamente geniais. amaria te-las filmado, juro. uma com uma saia de bolinhas de cintura alta, com uma camisa para dentro, daquelas composicoes mais óbvias para se representar uma velhinha- e com um nome tao óbvio quanto: alzira. e eis que essa mesma alzira-senhora-típica, ao ver minha camiseta, me perguntou em uma mistura de castellano e portugues (é o mal da imigracao brasileira na argentina): "júlia, voce gosta da música dos ramones?". e esse é exatamente o tipo de pergunta que me dá medo. do tipo que eu nao tenho idéia se ela espera que eu goste e depois vai me dizer alguma coisa incrível, ou se a idéia é falar mal do punk rock e desse tipo de gente desordeira na sociedade, sabe. aí eu sempre me decido por ser sincera (até porque, que tipo de desculpa eu podia dar pra estar usando uma camiseta dos ramones, né? eu no mínimo nunca pensaria em alguma a tempo), e disse que sim, que gosto bastante. e nisso a tal da alzira vira pra mim e fala "ah, se eu soubesse... meu xis (inserir algum grau de parentesco, nao me lembro e é irrelevante) era músico, e a alguma-coisa-77 (nome da banda dele que eu igualmente me esqueci, só lembro do óbvio 77) era bem parecida com ramones, entao lá em casa tem vários discos, camisetas, coisas assim dos ramones, tem até umas baquetas e uma parte do 'coiso' da bateria, que ele ganhou quando eles vieram fazer show aqui...". oi COMASSIM? era absolutamente a última coisa que eu esperava ouvir daquela pessoa, de verdade. e eu nem sei se a idéia do "ah se eu soubesse" era me dar todas as coisas, que agora estao em desuso, ou se era só um comentário do tipo "posso te mostrar um dia", mas anyway, foi a cena mais absurda possivel naquele contexto. eu devia ser menos preconceituosa, e pensar que as vezes os velhinhos podem sim saber que ramones é uma banda, e até ter mais coisas deles em casa do que eu ou qualquer amigo meu- foi uma boa licao, no minimo. e a outra senhora tinha os óculos-escuros mais incríveis do planeta (isso é algo que eu adoro nas velhinhas- elas sempre usam óculos-escuros da época delas, ou de alguma outra pelo caminho, e eles sao tipo....beyond retro, porque sao true, sabe, é muito cool). e foi mais ou menos isso. eu gostei de falar em portugues por um tempo, fazia milenios que eu nao conversava de verdade com alguém sem dificuldades de comunicacao, sabe, faz falta. e também é legal que eles tenham conhacido minha casa, ninguém conhecia até agora, parece que isso faz ela mais real, nao é mais minha-vida-nova-só-minha-que-ninguém-conhece. sei lá. agora vou comer meu ovo de marzipan com chocolate meio-amargo e assistir algum seriado sem conteúdo, com licenca.

25.3.08

aquele para o qual eu nao consegui dar um título satisfatório

só pra nao perder o costume, adoeci. pra quem fica dizendo por aí que sente saudades, acho que uma amidalite agora é só uma amostra de uma das coisas mais comuns em mim, pras pessoas olharem e pensarem "ahhh, isso é tao polýýýý, que saudades.....lembra de quando ela ficava muito doente o tempo todo aqui em sp? aaaaahhh", entao, poizé, divirtam-se. enquanto eu me fodo. já fui ao médico, já estou tomando remédio e melhorando, e hoje já até consegui comer (depois de dois dias a base de líquidos isso é definitivamente importante), e as febres já quase nao acontecem, e quando acontecem sao fracas. ontem foi dos dias mais infernais da minha vida, e eu descobri que estar doente sozinha é uma coisa muito difícil e desagradável, e que ter mamae-amigos por perto pra fazer vitamina, ficar-junto vendo filminho e buscar o termometro que tá longe quando voce nao consegue levantar da cama é uma coisa muito essencial. mimimi. e hoje nao fui na faculdade, e me sinto mal por isso. nao culpada, porque eu realmente nao tava em condicoes de ir a lugar nenhum, mas mal porque eu nao gosto de faltar, estou gostando da faculdade e a idéia de perder aula logo no comeco me desagrada. fora isso, terca é um dos dias mais legais: tem italiano e escultura. escultura me agrada bastante e as professoras sao uns amorzinhos, e italiano é um máximo e seria minha segunda aula da vida, entao eu realmente nao queria ter faltado. aliás, devo dizer que aprender italiano numa classe de argentinos com uma professora igualmente argentina é no mínimo curioso, e as vezes pode ser complicado, mas que em geral eu me sinto em vantagem porque italiano é muito mais parecido com portugues do que com espanhol, e isso facilita bastante as coisas. e vejam só voces, eu estou no caminho pra ser de fato uma poliglota. tipo, de verdade. amazing.

23.3.08

noviazgo

me aconteceu já faz cerca de um mes, e o curioso é que só me marcou agora. foi extremamente bonito, e enquanto acontecia eu percebi isso e até me emocionei, mas nao passou disso, e eu voltei pra casa normalmente, sem mais pensar sobre. e aí hoje eu estava tomando banho e lembrei, como as vezes a gente se lembra de alguma coisa que nao tem nada a ver com nada do que a gente está fazendo ou pensando, a memória só vem, de repente, aparece na cabeca e a gente nem tem tempo de se perguntar porque lembrou disso. foi assim. eu estava no supermercado, tinha feito uma compra de apenas dois itens, e me dirigia a um dos caixas rápidos, daqueles de menos de 15 itens. só que eu nao sabia que aquele era o horário de rush do supermercado, e me deparei com todos os caixas extremamente lotados, com filas enormes. entrei na fila que me cabia, e lá fiquei, esperando. e logo na minha frente tinha um senhor- o caixa preferencial também tinha uma fila enorme, portanto nao fazia muita diferenca pra ele esperar em um ou em outro. ele era bem velhinho, nao me lembro a idade. muito bem vestido, como é comum dos senhores- acho isso bem curioso, também. e como também é comum das filas e esperas em geral, iniciamos uma conversa. ele iniciou, evidentemente- eu raramente falo com pessoas que nao conheco, nao por nao gostar em geral, mas porque nao me ocorre, nao é algo natural em mim. fez algum comentário sobre minha tatuagem, que, por estar recem-feita, estava bastante evidente sob o plástico e os esparadrapos. e logo me perguntou minha idade, ao que eu respondi, numa voz baixa de espanhol tímido, que tinha dezoito. e a minha resposta foi a deixa pra ele: "minha esposa tinha um ano a menos que voce quando comecamos a namorar". vale deixar claro aqui que eu sou o tipo de pessoa extremamente romantica que sonha em envelhecer com alguém, e que acha a coisa mais linda do mundo ver casais de longa data. pois bem, aí ele comecou a falar um monte de coisas sobre a esposa dele: que ela tinha morrido, que eles foram casados por muitos anos (nao me lembro de numeros, infelizmente), que ela era linda, e que, em todos os anos que eles estiveram juntos, desde o comeco do namoro até a morte dela, eles só tinham passados dois dias sem se ver. claro que isso nao necessariamente é verdade, ele pode ter romantizado a história um pouco mais, mas idependente disso (até porque, pra mim isso nao faz diferenca alguma, já que tudo que eu tenho é a história que ele me contou, e eu nao tenho nenhuma razao pra nao acreditar nela), achei incrivelmente bonito isso, porque mesmo se nao for verdade, o fato de ele ter inventado isso como um detalhe a mais na história é igualmente bonito. ele me falou até das tradicoes dele de depois que a mulher morreu, mas infelizmente eu nao me lembro. lembro que em algum momento ele tirou a carteira do bolso e me mostrou uma porcao de fotos: dela quando era jovem, quando eles se conehceram, dela no casamento deles, dela aqui e dela ali, e até a última foto que tiraram dela antes de ela morrer. eram todas lindas, realmente lindas. a mulher era muito bonita, daquelas que se ve em filme antigo, e a própria estética antiga das fotos só deixava tudo mais bonito. aí ele me disse que o relacionamento deles nao tinha sido um casamento, tinah sido um namoro de nao-lembro-quantos anos. ele passou os produtos dele, pagou, e me deu tchau, assim, como se nada fosse, sem sequer me dizer como se chamava, e sem querer saber nada de mim- eu era uma estranha na fila do supermercado, e ele só quis me contar uma história.

21.3.08

sobre o meu primeiro feriado nessa vida nova e semi-individual

eu estava temendo esse momento há tempos. ernestine, minha amiguinha austríaca que está vivendo-estudando aqui vem falando sobre isso há algum tempo: semana santa, viagem, cataratas de foz e família- é, a família dela vem da áustria até aqui para visitá-la e passar o feriado em terras latinas. nada como ter o euro como moeda local e ir morar com o pesos argentinos, né. a riqueza dos europeus aqui é risível e me faz sentir quase ridícula por ter um dia me sentido minimamente rica com meus reais. enfim. o fato é que ela vinha falando desse feriado e eu vinha pensando em como eu nem sabia que tinha um feriado, quando ele era, e do que se tratava. claro que quando comecaram a surgir ovos de páscoa nos supermercados eu comecei a entender do que se tratava, mas a questao é que eu nunca tinha estado tao nula em relacao a algum feriado. isso porque, pela primeira vez na vida, nao tinha ninguém em volta para me lembrar disso, e me lembrar que eu tenho que fazer planos ou me convidar para algum plano de feriado já feito. e eu nao tinha plano nenhum. as pessoas comecaram a ficar ansiosa pelo feriado, e perguntar por aí o que as outras iam fazer (porque é o único tipo de conversa que se pode ter nos dias que antecedem algum feriado). e eu fui estranhando muito, porque totdo mundo tinha planos, e eu, completamente perdida, continuava numas de "quando é o feriado mesmo?". hoje mesmo, quando acordei, fui procurar na internet sobre isso, pra ver se hoje era mesmo feriado, ou se era só amanha. e continuo com um pouco de medo de ter perdido minha aula de desenho. mas esse nao é o ponto. quase todos aqui em casa foram viajar- sobramos eu e gisele, que ocupa o computador ao lado nesse exato momento (wonder why). e isso é bem estranho. basicamente porque todas as meninas aqui sao de cidades argentinas muito próximas. tem tres que sao paraguayas, mas uma já tava no paraguay antes do feriado, a outra foi encontrar com essa primeira, e a outra....é a gisele, que tá aqui . e aí que todo mundo foi visitar os amigos e a familia no feriado, e eu percebi que eu to numa condicao totalmente diferente da de todo mundo aqui. pra alem de nao falar español, i mean. as outras meninas nao tiveram que largar a vida anterior pra criar algo totalmente diferente aqui. em alguma medida sim, mas elas podem voltar em feriado, visitar as pessoas assim, de um dia pro outro, manter uma certa rotina e uma certa convivencia com os amigos de suas cidades originais. e eu me senti muito injusticada por isso, mas a gente pode deixar a parte idiota-infantil pra lá, e falar só sobre como eu de repente me senti sozinha. mas nao muito também. mentira, muito sim. é que tem um outro lado que é maravilhoso. porque essa história de morar em rapública é muito legal, conehcer novas culturas, relacionar-se com as pessoas de novas maneiras, e tudo-mais, mas vou te dizer que nens é tanto assim. quando voce tá planejando dormir até as duas da tarde e geral resolve circular, deixar a porta aberta, falar alto, acender luz, é um saco. ou quando voce tá morrendo de fome mas tem 783273 pessoas dividindo uma cozinha minuscula e voce tem que esperar. ou quando voce acorda superapertada e tem alguém tomando um banho de horas, daqueles de lavar cabelo e se depilar. oooou quando voce quer assistir alguma coisa dahora na televisao e sua roommate nao tem um gosto tao dahora. ou até quando voce quer ler ou se concentrar em algo e alguém resolve ouvir uma música chata. e tem também aquelas vezes em que voce precisa urgentemente usar o computador só-pra-checar-um-email e os computadores estao ocupados há horas, e nao desocupam nunca. poizé, acontece, e a gente aprende a lidar e a conviver pacificamente de maneira saudável. mas agora, com todas viajando, nada disso ocorre, e eu estou gozando ao máximo dessa incrivel sensacao de liberdade da qual eu sinto tanta falta, o que é bem feliz. no entanto contudo todavia, gostaria de deixar claro que eu estou feliz com a vida aqui, e que nao é só porque esse post só falou da parte chata de dividir uma casa e da minha solidao no feriado que eu estou triste ou mau-humorada. muito pelo contrário, estou aproveitando tudo que posso do feriado pra dormir muito, assistir tudo que EU quero na televisao, cozinhar e usar o banheiro e o computador a qualquer hora, e ler o enorme texto de sociologia que eu tenho que ler pra semana que vem. além de ser um sábado sem aulas, o que é extremamente valioso e me permite muitas coisas extra-rotineiras. e sim, eu comprei ovo de páscoa pra mim-mesma.

16.3.08

sobre a saudade e os choros e a falta que sao paulo me faz e o nao saber o que fazer com tudo isso

eu nunca tinha sentido nada tao grande. sobre saudade, é claro. senti muito na minha primeira semana aqui, e depois comecou a aparecer esporadicamente, em momentos mais específicos. de fato, eu nao sinto saudade o tempo todo, nem me permito muito sentir, porque preciso conseguir aproveitar as coisas e ser feliz, claro. mas quando eu sinto saudade, parece que nao vou aguentar mais nem um minuto. aí eu aguento, claro. aguento vários, e para de ser aguentar, e vira viver normalmente. isso é bom. mas a parte de sentir dói. e o mais difícil é que raramente é uma saudade específica. em geral é uma coisa maior e mais confusa, do tipo que eu nunca sei direito de quem e do que eu to sentindo falta exatamente. mas existem algumas coisas que, inevitavelmente, quando pensao nelas, choro.
  • a avenida paulista, a cada vez que passa na minha cabeca (especialmente se com uma luz acinzentada e um relógio-termometro mostrando um tempo frio ou com uma iluminacao noturna e um ponto de onibus cheio), tira lágrimas dos meus olhos.
  • a rua augusta e seus bares sempre-iguais e sempre-cheios me dá sensacao de ternurinha e me faz lacrimejar pensando em como eu provavelmente nunca vou achar algo assim por aqui.
  • a funhouse com sua iluminacao tao típica, sua jukebox clássica e super autentica, seus funcionários que sempre estao e sempre estiveram lá, os azuleijos tao reconheciveis dos banheiros e aquele bom e velho espelho onde eu sempre arrumava meu cabelo, além da minuscula pista com tanta fumaca que faz os olhos arderem e o sofá mais confortável já fabricado nesse mundo. isso e todo o resto (porque se eu decidir falar de verdade sobre a funhouse este será um post eterno) me faz chorar muito, e sempre.
  • a casa dos lopes, as tao repetitivas reunioezinhas, as pizzas e yakults, os bombons, a vá no outro canto da sala jogano ou trabalhando em seu laptop, a tv com algum seriado viciante ou algum filme que demoramos horas para decidir qual seria (e ainda tem alguém insatisfeito com a escolha), as pessoas sempre as mesmas que vao fumar na varanda, e os segundos sofás mais confortáveis do mundo. choro com sorriso.
  • a casa da loira, a cama mais gostosa de todas, o coelho de pelúcia, o computador sempre ligado, alguém meio bebado quase derrubando a mesinha de centro, alguns copos pela sala, umas garrafinhas d'água no quarto, e alguma música muito típica tocando, sempre. e as comidas igualmente típicas de casa-de-laura. e sempre alguém precisando de colo, que ou era ela ou era eu, dependendo do momento. isso me leva a um choro ternurinha de muita saudade.
  • a elite das perdizes como um todo. voltar da balada as oito da manha (geralmente com pedrinho ou mari) e passar lá, ainda bebados, pra comprar coisas muito específicas e já previamente escolhidas, e falar sobre como minha reputacao no bairro/província de perdizes é péssima. passar lá antes de pegar o onibus pra comprar pao de queijo e suco de laranja. acordar as quatro da tarde nas férias e ir até lá de óculos escuros e com a roupa do dia anterior pra comprar uma garrafa de coca-cola. olhos lacrimajeantes, sempre.
  • a casa da mari, o guitar hero, as horas gastas para se arrumar, os repetitivos atrasos, o macarrao delicioso da mae dela, os quadros por todos os lados, as caronas sempre agradáveis do fernando. a quase-rotina mais gostosa das últimas férias, me faz chorar bastante e com alguma frequencia.
  • a casa do ga, passar lá só pra dar um alo e brincar com o remy, e nunca ser de fato muito divertido, mas eu achar gostoso mesmo assim, só por estar por mais um pouco de tempo lá. com eles, e naquele lugar. choro com medo e muita saudade.
  • as frequentes saídas com dora-e-maria, onde sempre éramos um mesmo trio, extremamente compatível, equilibrado e estável, frequentemente um quarteto somando júlia lopes, permitindo sempre diversas formacoes, mas sendo sempre as que nunca tinham falado nada sobre as outras. as conversas desde-sempre com dora/sum, o recém-criado vínculo de verdade com maria/b., que tava lá sempre, querendo beber mais (e no entanto sempre ia embora cedo), e a jú/fernando/tomas/eu por si só. choro de nao-quero-mais-ficar-longe.
  • as saídas com muitas pessoas (nessas sempre estavam bolo e gabriel, e, vez ou outra, mario ou tiago), que muito frequentemente me irritavam e me faziam virar chata. choro mesmo.
  • a casa da iara, com cara de day after e iluminacao de filme, a segunda cama mais gostosa de todas, as roupas emprestadas e o tempo gasto pra se arrumar, o pré e o pós, a animacao e a ressaca. choro triste.
  • o equipe. as aulas essenciais, alguns professores geniais, a presenca constante das mesmas pessoas por sete anos seguidos, a sensacao final de nao-aguento-mais, as carteiras verdes tao enjoativas, os mesmos cantos e as mesmas coisas por tanto anos, as irritacoes repetitivas com as mesmas coisas, e as alegrias e satisfacoes por coisas totalmente diferentes. o bom e velho auditório igualmente cansativo e essencial e as diferentes coisas feitas por lá, algumas pessoas específicas que, estando sempre em volta, mantiveram tudo muito certo e muito como deveria estar, e o meu agradecimento eterno por tudo isso e todo o resto- de verdade, e por mais cafona que seja. choro extremamente feliz.

e dói e é ruim de verdade, e eu procuro muito um jeito de resolver isso, mas aparentemente nao existe, e o melhor caminho que eu achei foi listar muito superficialmente e de maneira quase brega, e tornar público, porque é difícil demais pra levar sozinha, e grande demais pra nao deixar as pessoas saberem. e isso nao é (ou pelo menos nao deveria ser) trágico. é sinal de vida continuando, de novas fases, de saber reconhecer a importancia do que passou e de achar difícil pra caralho crescer e superar coisas grandes e reconhecer que as coisas de fato mudaram e falar disso tudo no passado sem morrer (mas quase morrendo). e tem tanta coisa e tanta gente mais que eu tenho a sensacao de que nunca vou conseguir organizar tudo isso na minha cabeca, e provavelmente nao vou mesmo. assim como nao vou conseguir transmitir o tamanho disso tudo nem deixar nada claro pra ninguém. e assim como nao vou deixar de sentir saudade, ou sentir menos, ou achar mais fácil. mas é alguma coisa. nao sei mesmo o que, mas é.

11.3.08

el amante latino

para se enquadrar no cliché do amante latino, o único cara bonito da minha classe (e por bonito eu me refiro a algo como "¡mi diós, te quiero!") se chama juán. sério, juán. me muero. (e juro que enquanto eu escrevia isso, pensei na possibilidade absurda do cara ser um puta dum stalker psycho e me achar na internet, e ler isso aqui. e aí no meio do devaneio eu concluí que se isso acontecesse nao ia ter o menor problema, porque se o cara decidisse me stalkear pesado assim é porque o interesse é minimamente recíproco, e no fim das contas eu que seria a normal da história, entao tá belezera, né).

sobre quando tudo deixou de ser tao igual e eu passei a ter novidades nao tao triviais

conheci pessoas, várias. e de vários países. e to naquele momento de quando voce mora em outro país em que voce conehce pessoas de várias culturas e que falam várias linguas diferentes, e tudo fica bacana e diversificado e no mínimo bilíngüe (em geral tri, quadri...). isso é bem legal. eu tenho saído a noite com uma freqüencia bem normal agora, digna de sao paulo. ou maior, porque estudar de noite e morar sozinha dá algumas vantagens nesse aspecto. mas é mesmo bem legal isso de conhecer gente, ser chamada pra sair de vez em quando, e tal. basicamente porque isso meique nao me acontecia desde sao paulo, e, bem, é importante ter amiguinhos, né. também comecaram minhas aulas na faculdade, ontem. foi bem legal, e saí de lá bastante contente e cansada, e pensando que se minha vida continuar assim eu vou ser bastante feliz. e bem, acho que nao vai continuar, porque eu tenho planos de trabalhar, mas isso nao necessariamente me impede de ser feliz, i guess. eu tenho quatro horas de aula por dia, e cada dia tem uma matéria, de segunda a quinta, que sao as matérias práticas. e na sexta sao duas matérias teóricas, com duas horas de aula cada uma. e no sábado (é, no fucking sábado. i mean, TODO fucking sábado) sao duas horas de outra matéria teórica, comecando as 10h30 da manha. dahora. a primeira aula foi pintura, o que estava me deixando com bastante medo porque, bem, eu nao pintava desde a....quarta série? talvez antes, até. e, acreditem, nao é que na quarta série eu pintava bem. eu sempre fui um desastre com tinta, e fazia verdadeiras caquinhas e saía da aula toda melecada, igualzinha a tela. pois bem, ontem nao foi um desastre, at all. foi bem bacana, foi com tinta óleo (todo o primeiro ano é), eu ainda nao terminei a tela mas estava gostando dela por enquanto, e a caquinha em mim-mesma foi bastante razoável. e foi uma aula tipo daquelas de filme, que tem um modelo (na verdade eram tres) e vários alunos om cavaletes em volta, pintando a mesma coisa, e cada um fazendo uma tela diferente. foi bem legal, mesmo. e hoje tem escultura, e, bem, isso é uma coisa que eu nunca fiz na vida (nem na quarta série), entao nao estou nem me preocupando muito, porque eu nao tenho idéia do que me espera. minha classe tem vinte e poucas pessoas, a maioria de vinte e poucos anos, algumas mais novas, e umas poucas beeem mais velhas. e varia entre pessoas bem bonitas e bem vestidas a pessoas bem feias e malvestidas, passando pelas feias bem vestidas e pelas bonitas malvestidas. ou algo assim. mas eu simpatizei com boa parte da classe, o que me pareceu bastante saudável da minha parte. a parte chata- bem chata -de estudar a noite e morar sozinha é chegar em casa as dez e meia, morta de cansaco, e ter que cozinhaaaar. sério que ontem eu quase liguei pra mamae-mimimi pra pedir pra ela fazer o jantar pra mim. mas resolvi apelar pro possível, na medida em que a preguica-cansaco me permitia, e fiz um ovo mexido (y). a parte boa é que eu posso dormir até as cinco da tarde sem problema algum (e na medida em que a circulacao das minhas roommates me permitem, porque meu horário é quase oposto ao delas). e por enquanto é só, pessoal. suerte.

5.3.08

marzo

o carnaval já passou há tempos, e a páscoa está chegando. o reveillon nao foi anteontem?

cause i've got a chance for a sweet sane life. i said i've got a dance and you'll do just fine.

tenho duas novas tatuagens me garantindo dor, coceira e desconforto por um bom tempo, e uma satisfacao inexplicável a cada vez que me olho no espelho. tenho um ingresso guardado num cofre e muita ansiedade pra tirar ele de lá. tenho também materiais comprados pra primeira semana universitária da minha vida, e uma enorme pena e vontade de gastá-los. e um novo frasco de tinta de cabelo, porque aparentemente essa é uma questao eterna na minha vida, e no dia que eu solucionar isso tudo deve perder a graca (fucking cedilha) e eu finalmente poderei descnasar em paz, a sete palmos, amém. por enquanto to por aqui, sem a menor ansiedade pra prova de español que eu devo realizar amanha, e morrendo de vontade de tomar yakult. posso me justificar...? nao, nao posso, deixa pra lá.