31.10.09

sobre as coisas que eu tenho pensado de mim mesma

é que se fez difícil, em algum momento, me abrir para todas as possibilidades que o se-abrir traz. então talvez a minha segurança (aquela segurança que só minha timidez consegue forjar) saiba a desinteresse, a distração, a desimportância (...). mas eu não quero assustar, nunca quis. nem quero afastar. só quero mesmo admitir que, se eu me mostro tão segura, não é por gostar de menos, é por querer demais.

26.10.09

"eu não vejo nisso vergonha nenhuma"

eu tenho uma parte preferida do meu próprio corpo. e é algo tão único do meu corpo, tão meu, que só me faz achar ainda mais bonito. por mais que eu goste de outras partes do meu corpo, por mais que goste muito, sempre tem alguma coisa, alguma coisinha, uma besteira, um detalhe, que poderia mudar. algum pouquinho sempre podia ser diferente (pelo menos às vezes). mas nessa minha parte preferida não: é uma parte tão bonita que nem tenho coragem de tatuar, não tenho coragem de mudar- é perfeita assim como é. não é como se eu nunca tivesse falado dela pra ninguém, não é um segredo. eu só não fico espalhando por aí porque é algo tão sutil e tão bonito que não deve ser exposto, banalizado, conhecido por qualquer um que me vê passar. é dessas sutilezas que têm que ser descobertas por acaso, num discreto levantar de roupa, num raro carinho atencioso, num desses toques cuidadosos de quem, por acaso, olha e vê. confesso que sempre quis que alguém descobrisse e percebesse a beleza dela ( já pensei que talvez esse seja o meu sapatinho de cristal). mas não é um desafio que fica lançado. é só que eu queria que alguém compartilhasse dessa beleza que é tão minha.

24.10.09

fim da linha

eu estava lá, um braço esticado pra cima, num esforço pra me segurar e não cair com o movimento. eles foram entrando, silenciosos pra mim e pra minha música, mas ocupando todo espaço que podiam. fui sendo empurrada, um empurrão nada sutil, em direção ao que eu agora percebia ser uma camisa de uma textura tão óbvia, de listras discretas, verdes e brancas; a camisa era tão óbvia que nem tinha ninguém por baixo dela, pra mim era só uma camisa. tive que me ajeitar: ou não caberíamos todos. dei um passo pra direita do melhor jeito possível, e quando fui mover o braço (aquele que não estava me sustentando), senti: um paletó de um terno, olhei: azul marinho. minha mão estava dentro dele, tentando ao máximo não tocar na camisa, que, essa sim, tinha alguém dentro. tirei minha mão de lá, rapidamente, sem nem pensar nas alternativas: era tão constrangedor ter minha mão invadindo, assim, o terno de alguém! olhei pro outro lado, me distraí com a música, com a textura daquela primeira camisa, com qualquer coisa possível. mas tive que olhar de novo, e olhei. a parte de baixo daquele paletó, a parte que deveria cobrir a barriga, a parte na qual minha mão tinha entrado, estava agora virada pra fora, errada, desconfortável. precisava voltar pra posição original, e aquela responsabilidade era minha. mas se invadir o terno uma vez já tinha sido constrangedor, tocá-lo de novo, dessa vez intencionalmente, era impensável. tive que aguentar aquela ponta dobrada de paletó, tão errada, tão fora de lugar.

21.10.09

when i tried to speak i stuttered

é que isso é se abrir, e se abrir, se expor, é necessariamente estar vulnerável. então estamos sempre tendo que escolher entre a possibilidade de uns sorrisos contra a possibilidade de uns choros, e a impossibilidade de qualquer coisa. estático nunca foi o meu preferido, sempre achei dinâmico mais interessante: tem mais possibilidades, mais tempero, mais frio na barriga e mais medo. o movimento sempre pode acabar atropelando, o estar parado dói por si só. "é totalmente impossível fazer essa escolha", eu disse. algo assim. ninguém nunca toma essa decisão com certeza, porque não existe certeza e porque é uma questão incerta em si. então o que fazer? fica essa pergunta aqui dentro o tempo todo desde sempre e pra sempre. é assim: me abrir me machucar e arriscar sorrir e nada de dor, ou continuar dentro de mim mesma, meus fones de ouvido, minha música sempre tão alta e tão minha, meu olhar fechado, minha cara de quem já tem amigos e amores suficientes- não preciso de você. mas é tudo mentira, não é?

19.10.09

sobre quando os domingos não são tão domingos

é tudo mais leve, e então dá mais vontade de tudo. de continuar no mundo, de que amanhã seja segunda, e de que depois de segunda venha terça, e toda uma semana, com todos os detalhes e chatices de cada dia, de cada hora do dia, de cada hora de cada dia. mais leveza era o que ela disse que eu precisava, não? pois aí está, o domingo mais leve de todos os domingos nos quais eu consigo pensar. se isso não é um exemplo de uma leveza geral, daquela tranquilidade necessária, daquela calma e daquele momento em que eu olho pra minha vida e falo "é isso mesmo.", então eu não sei o que é. mas é isso sim: é esse sorriso aqui, e essa coisa tão minha que nem sai direito assim pra eu poder explicar. é dormir e acordar e dormir e acordar e tudo ser tão normal e o normal ser tão gostoso que dá até vontade de ser assim pra sempre, assim tão normal, assim tão leve, assim tão tranquila. de viver cada domingo, como se os domingos na verdade fossem só uns dos tantos dias da semana, do mês, da vida. e olha, tenho que admitir: acho que, no fundo, é o que eles são.

9.10.09

eu sou ridícula- e quem ainda não sabe?

eu sou ridícula porque aumento as coisas até elas virarem uma verdade enorme e interessantíssima para mim. e sempre espero que elas nunca deixem de ser isso que eu criei, porque, afinal de contas, eu crio o que eu gosto e o que eu quero. ou não. (mas sim). e não sei se isso na verdade é criar muita expectativa. não sei se é alienação, se é carência, se é bobagem. mas é gostoso. então por que não?

2.10.09

(those were our times)

extraño despertarme el sábado a la mañana para ir a la clase de mi materia preferida, y despues dormirme toda la tarde y depertarme poco antes de la hora de salir. pero tambien extraño los sabados en que me despertaba re tarde e iba al cine, o a la plaza de viamonte, o a fredo a tomar un helado, y solo miraba la tarde de sábado, pasando linda y rápida. extraño a las que me acompañabam siempre, estudiando en la plaza, yendo a comer en subway o starbucks, yendo al centro a hacer cosas aburridas de documentos, tomando cerveza en el balcon o tequila en el living. extraño la noche en que tomamos tequila en el living y terminamos cantando needles and pins, tirandoles onda a los mormones, y al dia siguiente borrar todo lo que habiamos escrito en labial por toda la casa (por dios!). extraño ir a la facu caminando tranquila a ver mi segunda matéria preferida, con un vaso de café o de frapuccino de starbucks. extraño a los festivales de cine, las buenas peliculas, la gente interesante, el ambiente. extraño a los sábados de avantt, los viernes de niceto, los martes de bahrein, los miercoles de makena, los jueves de club 69. extraño los sábados de roxy, la glamnation, ponerme purpurina en la cara y una corona en la cabeza (la glamnation era tan nuestra!!!). hasta extraño las noches de baccaro (especialmente aquella noche despues que pusieron la rocola que tenia stone y ramones). extraño la única noche linda que pasamos en le click (no la de reggae, noooo. la de ari! jaja). extraño la plaza san martin, extraño puerto madero. no extraño retiro. extraño despertarme los domingos muerta de la resaca e irme a la plaza de la resaca a tomar coca y comer lays (hasta que nos robaron la coca, te acordas?). extraño ir al balcon de mi departamento y mirar la calle, el colegio, el robot triste, el plus dental, la peluqueria. extraño el local nerd de comics al que nunca fui pero siempre tuve ganas. extraño las tardes en que volvia del gimnasio y tomaba jugo en el restaurant natural que habia sobre uriburu. extraño ir a la plaza de recoleta los domingos a relajar y acordarme de como amo buenos aires. extraño la tarde en que fuimos al festival ciudad emergente a verlos a los gallegos, aunque estuviera terriblemente cansada y mal-humorada. extraño a la primera noche de kika, con los irlandeses. extraño todas las noches divertida que tuvimos (fueron muchas), todas las mañanas que dormi, y algunas mañanas en que estuve despierta. extraño ver criminal minds con ro, extraño ver house y gossip con gi. extraño el taller de grabado, extraño el quiosco de la esquina de la facultad, y tambien el que estaba sobre ayacucho (el del viejito, sabes?). extraño la sensacion de dormir sabiendo que estaba en buenos aires y que estaba todo bien.