31.3.10

sem título#6

lo que nos paso fue tan especial que sonaria tonto intentar escribir. baby, lo nuestro no es poesia.

29.3.10

pensando bem...

não foi difícil chegar até aqui. foi só continuar fazendo, todos os dias, o que eu tinha que fazer, e às vezes o que eu tinha vontade de. porque envelhecer é inevitável, e felizmente não temos que nos preocupar com isso.

23.3.10

o enfrentamento (involuntário) da fobia

quarta-feira passada uma barata subiu no meu tornozelo.

eu não sei se vocês têm uma fobia. a minha, obviamente, é de baratas. como eu não sei se vocês têm alguma fobia, não sei se vocês estão tendo as dimensões corretas ao ler isso. é assim: eu tenho medo de muitas coisas nessa vida; meu medo mais sabido é o de guarda-chuvas, mas ele só é o mais conhecido porque é estranho e em geral merece ser comentado só por ser estranho. é um medo real, uma coisa que me incomoda (mais nuns dias que em outros), às vezes difícil de lidar, mas com a qual, at the end of the day, eu consigo conviver bem. o medo de rolhas de champagne é outro, já não tão estranho, muito forte, mas que eu obviamente experimento poucas vezes na vida, porque (infelizmente!) tomar champagne não é um hábito do meu cotidiano. agora o medo de baratas ultrapassa os limites da palavra medo. vai muito além de qualquer outra coisa que eu possa sentir e que seja minimamente parecida com medo. passa pelo horror, pelo insuportável. quando penso na simples idéia de que vivo no mesmo mundo que as baratas, que terei de conviver com elas pra sempre, e que depois que eu morrer elas ainda vão continuar existindo por muito tempo, ah, essa idéia me apavora. pensar nesse assunto já me deixa assustada, como poucas coisas na vida deixam. e o fato é: as baratas estão aí. estão na doutor arnaldo, na paulista, na augusta, na cardoso, na cardeal e na teodoro, e eventualmente até na área de serviço do meu apartamento. é uma coisa com a qual tenho que conviver, e isso me desespera imensamente. a ponto de dizer convicta que trocaria todas as baratas do mundo por garrafas de champagne sendo abertas bem na minha frente, por pessoas com guarda-chuvas. porque esses medos, por pior que sejam, são contornáveis. o medo de baratas- que nem é medo, é fobia- não.

e aí quarta-feira passada uma barata subiu no meu tornozelo.

eu estava em pé na calçada do bar, tomando uma guiness pra comemorar, e senti cócegas no tornozelo. quando fui passar o outro pé pra coçar, decidi olhar pra ver o que era, e a partir daí não sei bem o que aconteceu. sei que mexi meu pé muito rápido, e quando me dei conta estava paralisada, chorando, tremendo, soluçando. e assim fiquei por não sei quanto tempo, enquanto as pessoas em volta tentavam ajudar. eu não vi a barata indo embora, até hoje não sei pra onde ela foi, e isso me desespera ainda mais. não sei também se gritei, nem sei quanto tempo tudo isso durou: porque por uns intantes eu saí de mim, e fiquei num estado de paralisia totalmente inexplicável. aí meus amigos me convenceram de tirar o tênis, pra ter certeza de que ela não havia entrado nele (!!!). eu tirei ele com o outro pé, porque colocar as mãos ali embaixo era impensável, e joguei ele bem longe (justo meu tênis novinho, dourado, lindo). nada de barata no tênis, nada de barata em lugar nenhum que pudessemos ver. depois de um tempo voltei pra mesa, fiquei sentada sem tocar os pés no chão, e desde então não consigo ficar parada na rua: fico mexendo os pés sem parar. e desde então minha vida anda muito esquisita, e eu vivo numa paranóia sem fim, e tenho pesadelos com baratas todas as noites, e sinto cócegas na perna o tempo todo, e me assusto o tempo todo, e quando vejo uma barata na rua (porque elas continuam existindo) não posso evitar a reação exagerada. e já que eu não faço mais análise, achei que talvez se eu contasse isso pra vocês eu poderia me acalmar um pouco e conseguir dormir.

22.3.10

pulling the puzzles apart

eu tenho medo. não é que você tenha me dado motivos pra isso- porque não deu. mas é que todas as pessoas que vieram antes de você, incluindo eu mesma, me prepararam pra isso. eu me preparei, com o tempo, pros mesmos ciclos, dos quais eu pareço não conseguir fugir. os tempos mudam, as pessoas mudam, as dinâmicas mudam. mas a estrutura parece ser sempre a mesma. não. parecem ser sempre as mesmas. são algumas histórias, algumas estruturas, que de uma forma ou de outra se repetem. e aposto que isso acontece com (quase) todo mundo. e aposto que é por isso que (quase) todo mundo tem medo. assim como eu tenho medo agora, assim como tive ontem, como tive há três anos atrás, e como provavelmente terei amanhã e depois e depois. e acho que no fundo é só lembrar daquilo que a gente sempre tenta lembrar, mas que racionalmente é muito mais fácil do que de qualquer outro jeito. e tudo bem. quem disse que era fácil?

20.3.10

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não posso escrever. não aqui. escrevo no meu moleskine quando não consigo dormir a noite, ou quando to com preguiça de ler no ônibus, enquanto o cara que tá em pé do meu lado fica lendo palavra por palavra do que eu escrevo, e eu não sei se me sinto invadida ou só no curso natural das coisas. porque não foi de fato escolha minha não poder escrever aqui- é só bom-senso. já tive esse tipo de bom-senso antes, e por que não tê-lo agora? mas ando com vontade. não porque eu deva alguma coisa a vocês- que eu nem sei quem são, por sinal. não que eu deva alguma coisa a qualquer pessoa. e não que escrever no moleskine enquanto o cara do lado lê não seja basicamente a mesma coisa que escrever aqui. e de fato não sei o que me incomoda nisso, mas eu queria poder escrever algo sem ter que recorrer a livros preferidos, músicas e filmes. queria escrever só de dentro de mim e fim. mas não posso.

17.3.10

sobre trevos e cartolas e leprechauns com potes de ouro

hoje todos devem sentar numa cadeira de um bom bar, se dispor a gastar seu rico dinheirinho, e pedir uma guiness.
nem posso acreditar que já faz um ano desde o último st. patrick's, quando eu estava no shamrock, de cartola verde, trevo pintado na cara, luva gigante da irlanda, samba-canção de trevos, e tudo mais que eu tinha direito pra fingir que eu era uma irlandesa bêbada- e de fato fingi muito bem, porque todos os irlandeses (todas as pessoas, na verdade), vieram falar comigo pressupondo que eu era irlandesa. bebemos muita guiness (talvez algumas quilmes no fim da noite), demos muita risada, nos perdemos, e só fomos nos achar no dia seguinte, quando cada uma de nós contou como prosseguiu sua noite. conversamos em muitas línguas (meu deus, acho que até italiano falei, nesse dia!) com muitas pessoas diferentes, sobre muitos assuntos que nem conseguimos lembrar depois- mas esses são os mais importantes. e foi demais, porque aquela noite lá em buenos aires, há um ano atrás, foi das mais divertidas que tive no meu ano passado. foi uma exceção na vida, quase. mas não foi de fato, porque também a vida foi assunto dessas conversas de irlandeses bêbados e argentinos igualmente alcoolizados. o fato é que foi tão divertido que me faz ter certeza que st. patricks é a data mais legal do ano (tirando o ano-novo que, como já foi dito, é meu feriado preferido). e me sinto uma velha chata falando, mas realmente me é difícil acreditar que um ano se passou desde então, e que agora já estou aqui, em outro país, e minha vida é outra, e as pessoas que vão me acompanhar nessa empreitada irlandesa hoje são outras- porque tudo mudou. e também porque tudo mudou, aquele dia lá, há um ano atrás, não parece distante, mas só muito bonito. e o dia de hoje também vai ser.
então happy st. patrick's day pra todos nós!