23.6.10

olha,

seria ridículo da minha parte dizer que não sinto nada por você. que quando te disse "está tudo certo entre nós, vamos seguir adiante", eu obviamente não quis dizer que tudo que eu tinha declarado dois dias antes tinha desaparecido assim, porque isso não acontece. o que te disse ali foi: podemos assumir que nada disso existirá daqui pra frente, que vamos voltar a nos tratar como antes, e que nada disso será um problema. a vida segue como se não tivéssemos começado nada. de fato, a vida segue. você arruma a tua, eu melhoro a minha, a gente se esquece na medida do possível, e é isso, let's just be friends. e isso funciona sim, não vou dizer que não. tem funcionado, e vai continuar funcionando enquanto precisar. não te ligarei bêbada declarando meus sentimentos, e você não vai cantar a nossa música perto de mim, como quem não quer nada, só pra ver minha reação: pra isso, é game over mesmo. sem problemas. mas obviamente, quando se sente algo assim desse jeito por alguém, o sentimento em si não vai embora só porque decidimos que ele precisa ir. e aí não posso mentir, que quando olho pro que nos aconteceu, continuo achando bonito e especial, e não posso evitar uma dorzinha de ter deixado isso pra trás, uma afliçãozinha de "o que fizemos?"

22.6.10

se eu fosse exagerada,

trocava todas as paixões que qualquer pessoa possa vir a sentir por mim, todas as paixões que sentem por aí, todas as paixões que já sentiram: todas elas pra te ver apaixonada, teu olhar de quem quer vir comigo, de quem sorri quando me vê, de quem troca todas as paixões pela minha. (se eu fosse.)

11.6.10

sobre não me bastar

que quando estou vivendo minha vida normalmente posso até sentir falta e ficar amargurada e chata e ranzinza, mas no fim das contas me ocupo, trato de fazer o que tenho que fazer, e a vida passa. mas quando passo a madrugada tremendo na minha cama, ardendo em não sei quantos graus de febre porque não consegui levantar pra pegar o termômetro, acordo sem conseguir levantar da cama, qualquer movimento dói, e não há nada que eu realmente consiga fazer além de assisir algum seriado babaca e tentar mergulhar na internet pra ter a sensação de não estar passando o dia completamente sozinha e inútil, é inevitável: estou carente, apavorada com a solidão, e tudo isso é tão óbvio e dramático que chega a ser ridículo (mas não é: é aterrorizante).

7.6.10

sobre a tão-óbvia solidão

lembro de quando eu voltava pra casa no frio de buenos aires e comprava um pacote de medialunas de dulce de leche pra comer sozinha assistindo algum seriado, e passava os dias em casa pensando em como eu estava sozinha, e passava as noites bebendo em alguma festinha, dormindo em camas diferentes, sempre acordando e pensando em como eu estava sozinha no mundo. e agora assim estou: dentro da minha própria casa, dormindo e acordando sempre numa mesma cama, indo todos os dias pros mesmos lugares encontrar as mesmas pessoas, e ainda assim perdida e sozinha como se ninguém no mundo soubesse meu nome.